quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Teatro | As Velhas | por Arte Pública

13.Novembro.2008 » 21:30h » Auditório do Museu de Olaria


Etelvina
A canalha miúda chama-nos “velhas de merda”, e os badamecos que têm idade para serem nossos filhos chamam-nos…. Como é que foi que o sr guarda nos chamou no outro dia?
Ifigénia
... “senhoras com incapacidade para andarem na rua sozinhas”.
Etelvina
Não vamos às excursões da Junta de Freguesia. São sempre p´rá terceira idade. Ora, que raio, somos Velhas! As carnes estão maduras, os ossos rendilhados - mas o espírito é livre, meninos!

Cada vez seremos mais. Velhos. E, cada vez – espera-se – com mais saúde e menos maleitas. O aumento da esperança de vida – a par da diminuição da natalidade - tem revelado também um dos mais prementes desafios das sociedades do bem-estar: como manter esta população que exige e reclama direitos.
Os serviços para a assistência à velhice – desde os cuidados médicos ao turismo sénior – têm conhecido, nas sociedades mais ricas, grande desenvolvimento.
Em Portugal, os velhos – sobretudo elas, as viúvas – ainda se confinam, em grande parte, ao aconchego – mas, por vezes, à solidão – das suas casas. Até que, um dia, a situação de fragilidade – física, emocional ou intelectual – se expõe, em toda a sua crueza.
E, quando não existe família – ou esta se ausenta desta aparente responsabilidade – a situação faz do velho - ou da velha – uma ilha, rodeada de problemas por todo o lado – à qual o Estado - que somos todos nós - tem dificuldade em responder atempada e condignamente.
Gisela Cañamero escreveu AS VELHAS bebendo das mulheres determinadas, corajosas e criativas que tem conhecido ao longo da vida.

Sinopse
Etelvina e Ifigénia, duas mulheres por volta dos setenta anos, recebem o público na sala de estar de sua casa, para uma tertúlia literária.
Este sarau, muito especial, será preenchido com poesia, canções, humor e reflexão social.
Entre récitas, adivinhas e citações (Camões, Demétrio Soster, Baudelaire, Mauro Mota, Ferreira Gullar, Augusto Gil, Augusto dos Anjos, Millor Fernandes e José Gomes Ferreira) e canções "velhinhas" (de Raul Ferrão - Camélias – e de Artur Ribeiro/Ferrer Trindade - Cha Cha Cha em Lisboa) Etelvina e Ifigénia conversam em tom intimista com o público sobre a vida, o tempo, as vivências, as culturas e as dificuldades que duas mulheres, na Idade Maior, já podem relatar.
A S V E L H A S são, também, um brilhante exercício de actor para os dois performers da arte pública: Paulo Duarte e Luís Proença.
Ficha Técnica
A S V E L H A S de Gi Cañamero
Etelvina » Paulo Duarte
Ifigénia » Luís Proença
Encenação » Gisela Cañamero
Assistência à Encenação, Produção » Raul Bule
Sonoplastia, Instrumentais das Canções » José Manhita*
Instrumental de A VIDA É BELA » Joaquim Mariano
Luminotecnia » Rafael Del Rio*
Poemas de » Demétrio Soster, Baudelaire, Mauro Mota, Ferreira Gullar, Augusto Gil, Augusto dos Anjos, Millor Fernandes, José Gomes Ferreira
Canções » de Raul Ferrão (Camélias) Artur Ribeiro/Ferrer Trindade (Cha cha cha em Lisboa)
*abrilhantando também a cena enquanto UM HOMEM e OUTRO HOMEM!
Entrada: 3€ » Estudantes: 2€ » Sócios: gratuito » Entrada gratuita em troca de livro lido

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